terça-feira, 24 de dezembro de 2013

18/10/2013 - Sexta-Feira - Oiapoque – Cayenne

Hoje é o dia da balsa e da primeira travessia de fronteira. Acordei cedo, tomei café e fui para o porto Lunay às 07:45h conforme o pessoal da balsa solicitou. Cheguei ao porto, o portão estava fechado. Fiz hora conversando com um pescador e ele me contou que os barcos descem o rio e vão pescar em alto mar. Muitas histórias de perigos e aventuras. Às 08:00h chegou o gerente do porto. Entrei. A balsa já estava atracada. Pareceu ser um porto de areia. Dessa forma eu tinha que passar pela areia para chegar na balsa. A rampa da balsa estava muito inclinada e alguém sugeriu colocar uma prancha de madeira. Pronto, agora era areia, uma prancha de madeira, a rampa da balsa, tudo molhado pela chuvinha que caiu mais cedo. Diante de seis pares de olhos mirei o convés da balsa e acelerei. Pronto embarcado! A travessia do rio Oiapoque foi muito tranquila, apenas eu, a moto, e a tripulação.
 Durante a travessia o documento da moto fica com o comandante. A equipe da balsa se encarrega do despacho na Aduana Francesa. Conversei com um membro da tripulação que me contou que muitos brasileiros passam ilegalmente para a Guiana Francesa através dos rios da região para trabalhar no garimpo, muitos são descobertos e deportados. Chegando à margem Francesa a balsa atracou numa rampa de concreto tornando o processo de desembarque uma moleza. Fui até a Aduana com o despachante da balsa. O funcionário registrou a entrada da moto no livro e liberou, sem burocracia. Ainda me passou o contato de um corretor de seguros em Cayenne. Para todos os países visitados é necessário fazer um seguro contra terceiros. Da Aduana segui para o PAF, policia de fronteira, para carimbar a entrada no passaporte. Segui viagem. Nos primeiros quilômetros a estrada está sendo recuperada. No mais, estrada boa, com muitas serras e curvas. Saí da estrada que vai a Cayenne em direção a Cacao. São 12 Km numa serra muito bonita. Chegando ao vilarejo visitei a Igreja de Nossa Senhora da Paz e tomei a tradicional sopa vietnamita, chamada Pho.

Depois do almoço segui para Cayenne, já próximo à cidade subestimei o poder das chuvas tropicais. Não coloquei a capa de chuva achando tratar-se de uma chuva passageira, até que foi rápido , mas caiu muita água. Muito molhado cheguei a Cayenne. Entrei na cidade, me localizei e segui para um dos hotéis baratos do guia, o Ket Tai, fica perto do cemitério e em frente ao corpo de bombeiros. O pessoal do cemitério não me incomodou, mas acordei várias vezes sobressaltado com as sirenes dos bombeiros, até que resolvi dormir com a janela fechada e usar o ar condicionado. Aí quase tive uma hipotermia! Voltando ao hotel, simples, e impessoal. À tarde trabalhavam duas brasileiras, uma delas ao menos me indicou um bom restaurante perto do hotel, restaurante Alegria, buffet por quilo de comida brasileira, propriedade de uma brasileira.

Deixei as coisas no hotel, estendi a roupa molhada na pequena varanda do quarto e saí pela cidade em busca do seguro. Parei na primeira seguradora, eu precisava de um seguro para quatro dias, a atendente tinha para três dias, trezentos e tantos euros, ou para 30 dias seiscentos e tantos euros. Ela mesma achou que não fazia sentido gastar tanto dinheiro somente para cruzar o país, mostrei a ela o papel com o nome do contato informado pelo pessoal da Aduana, a moça me indicou o caminho e eu segui pra lá. Parei num posto de gasolina para saber se estava no caminho certo, o frentista chamou o gerente e ele foi super prestativo, falava inglês, ligou para o contato, conversou e ao final ele disse: “O corretor falou que não tem como fazer um seguro para quatro dias, mas acho melhor você ir lá pessoalmente”. Ele me passou os detalhes de como chegar ao escritório do corretor. Chegando lá encontrei o corretor que também achou que não fazia sentido fazer um seguro de 30 dias para usar 4. Argumentei que precisava de algum papel ou documento para mostrar para a polícia, ele então pegou um panfleto do escritório, escreveu duas linhas em francês no verso, assinou e entregou em minhas mãos e disse: “Se pedirem o seguro entregue isso para a polícia”. Eu perguntei: “O que está escrito?”,  ao que ele apertou os olhos e repetiu: “Mostre isso para a polícia”. Não discuti, dobrei o papel, agradeci e voltei tranquilizado por ter algum papel para mostrar para os homens da lei. Aproveitei para, na volta ao hotel,  conhecer alguns pontos de interesse na cidade e parei para jantar no Le Bistrô, lugar badalado, sempre cheio, meio bar, meio restaurante, meio balada. 
Place Des Palmistes - Ponto central da vida social em Cayenne

Nenhum comentário:

Postar um comentário